O Programa de Formação Contínua do Instituto Camille tem como base um modelo de gestão escolar que promove uma visão integradora, articulando as dimensões do ser humano e incentivando a formação e transformação de cada indivíduo. Esta abordagem visa a educação integral, considerando o sujeito em sua totalidade e complexidade.
As principais categorias que fundamentam este modelo são: espiritualidade, afetividade, autonomia, estética, pesquisa, participação, colaboração e reflexão. Essas categorias estão interligadas, sem hierarquia, formando um sistema interdependente que orienta as práticas pedagógicas e de gestão do Instituto.
– Espiritualidade: Envolve a percepção de um todo além do indivíduo, um sentido de vida que se reflete através da reflexão e da estética, proporcionando uma visão ampliada da existência.
– Afetividade: Engloba as emoções e subjetividades do ser humano, que devem ser consideradas em todas as decisões institucionais, contribuindo para um ambiente escolar mais humano e acolhedor.
– Autonomia: O desenvolvimento da autonomia é facilitado pela participação ativa e pela colaboração entre todos os envolvidos na comunidade escolar, sempre permeado pela afetividade.
– Estética: A criatividade, fruto da dimensão estética, é fundamental para a construção de soluções inovadoras e para a expressão do pensamento crítico.
– Pesquisa: O conhecimento, produzido por meio da pesquisa científica, é o que possibilita a reflexão crítica e o desenvolvimento intelectual, base para a autodeterminação e autonomia dos indivíduos.
– Participação: A participação constante e efetiva em todos os processos institucionais é um princípio essencial que conecta a colaboração, reflexão e pesquisa à autonomia.
– Colaboração: A cooperação entre todos é indispensável para a construção de um ambiente educacional dinâmico e integrado.
– Reflexão: A capacidade de refletir sobre as ações, decisões e conhecimentos adquiridos é essencial para o crescimento pessoal e coletivo.
Ao harmonizar essas dimensões, o Instituto Camille constrói um sentido imaterial, um propósito maior que orienta sua existência e atuação, contribuindo para a formação de cidadãos conscientes, éticos e engajados com o mundo ao seu redor. O PFC-ICF é um reflexo dessa proposta, proporcionando um espaço contínuo de aprendizado, crescimento e desenvolvimento integral.
Neste primeiro momento, estamos disponibilizando o início da nossa jornada formativa contínua. Como o curso não tem previsão de término, ao longo dos encontros serão abordados diversos temas fundamentais para o desenvolvimento da prática pedagógica e educativa no Instituto. A cada fase, novos conteúdos serão introduzidos, de acordo com os temas pertinentes ao progresso formativo do programa.
Aos interessados, destacamos que, além do conteúdo apresentado inicialmente, exploraremos outros referenciais teóricos que estão em consonância com a nossa proposta pedagógica, conforme delineado em nosso Projeto Político-Pedagógico (PPP). Entre os autores e abordagens que serão estudados ao longo do curso, estão:
– Maria Montessori – Montessori promoveu uma educação centrada na autonomia e no respeito pelo ritmo de desenvolvimento de cada criança. Seu método incentiva o uso de materiais didáticos específicos e um ambiente preparado para estimular o aprendizado independente.
– Jean Piaget – Piaget desenvolveu a Teoria do Desenvolvimento Cognitivo, afirmando que as crianças passam por estágios sequenciais de desenvolvimento, cada um com formas diferentes de pensar e aprender. Seu foco é como o pensamento das crianças evolui ao longo do tempo.
– Lev Vygotsky – Vygotsky enfatizou o papel da cultura e da interação social no desenvolvimento cognitivo. Ele propôs a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), destacando que as crianças aprendem melhor com o auxílio de um adulto ou colega mais experiente.
-Célestin Freinet – Freinet acreditava na educação como uma prática cooperativa, centrada na experiência e no trabalho coletivo. Ele defendia a autonomia dos alunos e o uso de métodos pedagógicos que conectem a aprendizagem à vida cotidiana.
– Friedrich Froebel – Froebel, criador do conceito de jardim de infância, acreditava na educação através do jogo e do desenvolvimento da criatividade natural das crianças, usando atividades que estimulam a autoexpressão e o pensamento simbólico.
-Henri Wallon – Wallon focou na interdependência entre o desenvolvimento emocional e o desenvolvimento cognitivo, destacando que a afetividade desempenha um papel crucial na construção do conhecimento.
-Johann Amos Comenius – Considerado o pai da educação moderna, Comenius defendia a educação universal e o aprendizado gradual, utilizando métodos visuais e práticos, com a crença de que todos os seres humanos têm o direito à educação.
-Antonio Gramsci – Gramsci destacou o papel da educação na formação de uma consciência crítica e na transformação social. Ele via a escola como um espaço de formação intelectual e moral, crucial para a emancipação dos indivíduos.
-Eurípedes Barsanulfo – Educador e espírita, Eurípedes defendeu uma educação integral, unindo os aspectos intelectuais, morais e espirituais do ser humano, visando à formação de indivíduos mais conscientes e éticos.
– Hippolyte Léon Denizard Rivail (Allan Kardec) – Codificador do Espiritismo, Kardec trouxe uma visão espiritualista que influencia abordagens pedagógicas focadas no desenvolvimento moral e no autoconhecimento, integrando valores éticos à educação.
– José Herculano Pires – Filósofo espírita, Herculano Pires uniu a filosofia espiritual à pedagogia, destacando a importância de uma educação humanista e moral, voltada para a formação integral do ser humano.
– Dora Incontri – Incontri trabalha na interseção entre educação e espiritualidade, propondo uma pedagogia baseada no amor, no respeito ao ser humano e no desenvolvimento integral, unindo ciência e espiritualidade.
– Léon Denis – Espírita e seguidor de Kardec, Denis contribuiu para a pedagogia com sua visão sobre a educação espiritual, enfocando o aprimoramento moral e o desenvolvimento das potencialidades do espírito.
– Paulo Freire – Freire é conhecido por sua Pedagogia do Oprimido, defendendo uma educação libertadora que estimula a consciência crítica e a transformação social. Ele acredita no diálogo e na participação ativa dos alunos no processo de aprendizado.